O “Festival Já Raiou a Liberdade — Os Sons do Brasil” retornou a Belo Horizonte e Ouro Preto entre os dias 22 e 24 de setembro, cumprindo mais uma vez seu papel de celebrar a música brasileira ao som dos mais diversos instrumentos e ritmos. O evento, que já se consolidou na agenda cultural dessas cidades, reuniu artistas que expressam as tradições e os ritmos que compõem a cultura do país, entre eles Tim Bernardes, Claudio Nucci, Anastácia, Alaíde Costa e Afrocidade.
Uma das atrações mais aguardadas, Tim Bernardes encerrou a programação no domingo, dia 24, fazendo a sua estreia no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Em uma apresentação intimista, acompanhada apenas por violão e piano, o músico interpretou canções de seu álbum mais recente “Mil Coisas Invisíveis”, que conquistou uma indicação ao Grammy Latino 2023 na categoria de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira.
Para Tim, que já havia passado por Belo Horizonte com a turnê do disco, retornar para se apresentar no “Festival Sons do Brasil”, em um “teatrão bacana assim”, foi uma experiência positiva. “É um momento em que o show está mais ensaiado, mais espontâneo. E tocar para o público em um show gratuito foi o diferencial. Foi o público mais maluco, mais empolgado”, destaca. Em um momento memorável e inédito, o músico atendeu ao pedido de Apolo Vilaça, um fã que estava na plateia, e o convidou para subir ao palco. Juntos, tocaram a música “Olha”. “Foi bem inesperado para mim, nunca tinha acontecido”, conta.
Além do encontro entre Tim e Apolo, outro momento notável do festival foi a celebração do reencontro de duas amigas icônicas: Anastácia e Alaíde Costa, que ocorreu no Museu Boulieu, em Ouro Preto. Ambas são figuras de destaque na música brasileira e se reuniram antes de subir ao palco para um caloroso abraço, unindo duas das artistas mais aclamadas da velha guarda da música brasileira.
O Festival é uma realização da Bento Produção Cultural, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, Governo Federal, Brasil. União e Reconstrução, com o patrocínio master do Instituto Cultural Vale e patrocínio da Gerdau, Cedro Mineração e Ferro Puro Mineração (empresa do Grupo Avante), com correalização da Fundação Clóvis Salgado e parceria com o Museu Boulieu.
Músicas que marcaram gerações
Dia 22
A histórica cidade de Ouro Preto teve a honra de abrir o Festival nesta edição de setembro. Na sexta-feira, 22, o palco do Museu Boulieu recebeu o baixista Pedro Gomes e seu sexteto, que prestaram uma homenagem aos clássicos da música instrumental brasileira. Como convidada especial, Pedro trouxe ao palco a percussionista Natalia Mitre. Juntos, cativaram a plateia com influências jazzísticas, elementos da música afro-brasileira e uma seleção de composições do álbum autoral de Pedro, intitulado “MAGMA”.
Em seguida, foi a vez do Monobloco encantar o público com seus sucessos e elevar a energia da multidão ao som dos instrumentos como como cavaco, surdo, chocalho, agogô, tamborim e repique. Encerrando as apresentações da noite, o repertório contou com uma ampla diversidade musical, incluindo gêneros como Axé, Rock, Pop, Funk, MPB e Samba.
Dia 23
Em Belo Horizonte, o “Festival Sons do Brasil” mostrou mais uma vez que a música brasileira é rica, diversa e para todas as idades. O cantor e compositor Claudio Nucci abriu a programação no sábado, 23, no Memorial Minas Gerais Vale, conduzindo o público por um passeio pelos seus 40 anos de carreira. Ao lado da cantora Dri Gonçalves e do percussionista Rafael Lorga, o artista apresentou canções nostálgicas, como “Sapato Velho” e “Toada”, além de faixas inéditas de seu álbum “Direto no Coração”.
Em seguida, foi a vez de celebrar o legado de Gal Costa, uma das maiores vozes da música popular brasileira, com o BondeGal. Impulsionado pela energia contagiante de Aline Paes e do Bondesom, o grupo envolveu a plateia com a poesia e vivacidade de clássicos como “Barato Total”, “Caminhos do Mar”, “Baby” e “Divino Maravilhoso”.
No Palácio da Liberdade, Acauã Ranne & Os Cria brilharam no palco ao apresentarem uma fusão envolvente das tradições de matriz africana com o jazz e o blues, com composições que resgatam cânticos sagrados do candomblé. À noite, o público se entregou à contagiante batida do Afrocidade, que mescla letras politizadas com elementos da música afro, batidas eletrônicas e ritmos populares como arrocha e pagodão.
Enquanto isso, em Ouro Preto, o Museu Boulieu deu início às apresentações do dia com um encontro memorável entre João Camarero, Cristóvão Bastos e Alaíde Costa, unindo diferentes gerações. No palco, os instrumentais de Camarero e Bastos entrelaçaram-se de forma emocionante com a poderosa voz de Alaíde. Logo em seguida, a Radiant Jazz Band energizou o público com um cortejo cheio de vitalidade e ritmo, durante a intervenção cultural “IntervenSons”.
Para encerrar a programação, mais um encontro marcante aconteceu no palco do Museu Boulieu. Chris Cordeiro e o Projeto Xote das Meninas trouxeram ao “Festival Sons do Brasil” a rainha do forró, Anastácia. Com instrumentos tradicionais como sanfona e triângulo, elas apresentaram clássicos de Luiz Gonzaga, Dominguinhos e da própria Anastácia, em um momento cheio de alegria e arrasta-pé.
Dia 24
Em Belo Horizonte, a manhã do domingo, 24, começou com uma programação voltada para a família. No Palácio da Liberdade, o MPBaixinhos proporcionou às crianças e aos adultos uma viagem pelo tempo, trazendo de volta canções que fizeram parte da infância de gerações passadas e que continuam encantando as de hoje.
“Foi uma delícia! As crianças curtiram demais, pularam e interagiram. Eu também me diverti muito, porque eram músicas da minha infância. Precisamos nutrir a música brasileira e essa é uma forma de transmitir isso para as crianças”, destaca Mariana Fontes, que levou o filho João, de 5 anos, para desfrutar desse momento especial.
Mais tarde, Chris Cordeiro e Projeto Xote das Meninas voltaram ao “Festival Sons do Brasil” com a lendária Anastácia, com uma apresentação que, assim como em Ouro Preto, fez o público dançar e cantar sem parar.
Em Ouro Preto, a programação também começou com um clima familiar. A banda Osquindô cativou os olhares e a energia dos pequenos. Com o espetáculo “Bailinho do Rei”, o grupo apresentou um repertório em homenagem a Luiz Gonzaga e outros renomados compositores das festas juninas, contagiando crianças, pais e amigos.
Ao anoitecer, foi a vez da BondeGal retornar ao Festival. No palco do Museu Boulieu, Aline Paes e Bondesom homenagearam com maestria a icônica Gal Costa. Ao som de grandes sucessos de Gal Costa, a voz única de Aline e os instrumentos arrebatadores do Bondesom despertaram uma profunda emoção e preparam o terreno para a última apresentação da noite: o Afrocidade.
Encerrando a programação em Ouro Preto, o Afrocidade voltou ao palco para fazer o público pular, dançar e cantar de forma única. A folia e euforia dos encontros entre a banda e o público deram vida à rica sonoridade brasileira.